segunda-feira, 15 de março de 2010

Livros & Livres



Livros & Livres

                                Tenho uma estante na minha casa, fruto da reforma de um antigo armário de cozinha, onde ficam meus livros: pelo menos aqueles que mais gosto, que mais marcaram minha leitura. Organizei-os em ordem alfabética por autor, onde fica mais fácil achar o que estou procurando, ou para emprestar ou para reler em partes ou no todo; falando assim dá até impressão que é uma larga biblioteca daquelas que a gente via (digo via pois já não se vê mais livros nas casas de novelas) e imaginava a delícia de morar numa casa de tantos livros. Mas são uns cento e tantos volumes daqueles que acabei ficando como representativos do que gosto de ler. Alguns clássicos da literatura brasileira, outros de poesia, bibliografia ou história, filosofia ou psicologia, best-sellers americanos ou australianos, contos e crônicas nacionais, artes e odontologia, enfim, livros livres, sem muito compromisso com essa ou aquela linha literária. 
                               Há ainda um cantinho reservado para aqueles que pego emprestado com algum amigo para que eu não os esqueça de devolver; já perdi muitos livros que emprestei e que não voltaram mais! E também vez ou outra faço doação de algum volume que imagino interessar mais à pessoa que o entrego do que a mim mesmo: coisas que sei que não vou ler mais!
                              E ficam lá, sempre à mão, esperando que eu os manuseie novamente ou até mesmo servindo de adorno para a eclética decoração de minha casa! E aquela fila de volumes desconexos em tamanhos e cores das lombadas, volumes de centenas de páginas ao lado de outros magrinhos "de bolso", páginas já amareladas de uns e novinhas como se nem tivessem sido lidas dos mais recentes e mais bem encadernados, ficção e história real tão juntas que muitas vezes nem nos damos conta do fio tênue que separa uma da outra... enfim, livros e livres companheiros de uma vida toda. 
                              Algumas vezes corro os dedos indo do Afonso Romano de Santana à Zélia Gattai, procurando uma companhia qualquer para uma saborosa leitura, já sabendo o recado que me será dado ou descobrindo uma nova forma ou um novo conteúdo não percebido antes.  Fico feliz quando pego a Luiza "fuçando" meus livros na busca de algo que a interesse: e surpreso quando ela me fala que terminou o livro e vem me contar coisas que descobriu ali; nestes tempos em que competem de forma desproporcional com os computadores, sempre torço pelos livros, mesmo também eu sendo muitas vezes seduzido a ficar no computador.
                            Os livros nos fazem criar e imaginar coisas muitas vezes completamente diferentes daquelas da intenção do autor. E nos aguça sabores, odores, cores e emoções, amores e temores, heroismos e autruismo... ah, como viajo nas asas da imaginação! Como são livres estes livros tão pertos... silenciosos e cúmplices de meus gritos e de minha liberdade de ser!

Um comentário:

Fátima Cerqueira disse...

Imagino sua estante e me vejo também com os dedos correndo pelos lombos (ou seja, lombadas) em busca dos feitiços. Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, e por vezes, complicados. Que sua estante recriada a partir de um móvel de cozinha seja bem visitada. No cantinho dos emprestados, provavelmente algum livro recomendado por um amigo. Aqueles que se perdem, estão certamente em boas mãos e cumprem suas funções, encantar. Livro parado é livro morto. E não é isso que pessoas como a gente quer. A construção de seus textos vai da boa leitura que você fez e faz. A gente só se liberta com os livros. Bom texto para incentivar a meninada a ler. Aliás, não tenho nada da Zélia!!!! Boa sugestão para empréstimo. srrsrsrrs