quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Poema: Ecologia

ECOLOGIA
marcelino tostes padilha neto

Como vossos olhos,
Quisera verdes nossos campos,
Onde travamos nossas lutas,
Onde baixamos nossas armas,
Onde deitamos nossos corpos,
Onde deixamos nossas guerras,
Onde descansamos nossa paz.
Quisera verdes nossas lutas,
Onde baixamos nossos corpos,
Onde deixamos nossa paz,
Onde travamos nossos campos,
Onde deitamos nossas armas,
Onde descansamos nossas guerras;
Quisera verdes todos os nossos momentos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Saudades do Meu Pai!

É, já deu para ter certeza que terei de conviver de forma definitiva com esta coisa de "não ter mais pai"! Já se passou quase um mês, mas é difícil falar de como é isto: a gente convive, vê diariamente a morte passando na tv, famílias sepultando seus entes queridos sequestrados pela violência das guerras,do trânsito, do animalismo humano; mas quando chega na casa da gente, na alma da gente, é diferente (mesmo sabendo, é claro, que não somos nada diferentes uns dos outros!). Aos poucos já não choramos mais, já não vemos a cadeira vazia (ela se confunde com as outras tão iguais), as comidas prediletas, as manias, as implicâncias, o jornal que não fica mais esparramado sobre a mesa, a tosse dos últimos dias... vamos nos acostumando com isto na certeza de que a vida continua e que temos que acompanhar as outras vertentes que nos fazem caminhar! São as "Perdas e Ganhos" que a maturidade vai nos apresentando e das quais a escritora e poeta Lya Luft nos fala tão bem!
Saudades enormes do papai mas também enorme orgulho principalmente do que vivi com ele nos seus últimos dias! Ele me constuiu uma historia que precisei ler até o último capítulo para entender a grandiosidade das lições que podemos aprender! Conversou sobre o câncer desde o dia que descobriu que estava pagando pelos quase 60 anos de fumante. Reclamou um pouco da bobagem que havia feito,mesmo sendo avisado que isto poderia matá-lo, mas falou sem muita culpa, tendo feito o que fez pelo prazer dos viciados e pela dificuldade de mudanças de hábitos! Enfrentou o tratamento com dignidade e sempre disposto a cumprir o caminho traçado pelos médicos consultados; recebeu amigos e solidariedade com emoção, suportou a cansaço do leito e a dificuldade do transporte em cadeira de rodas sempre fazendo um pouco de graça com a situação: nunca o ouvi reclamando de dores ou de revolta contra qualquer coisa! Perdoou rancores imperdoáveis por mim, comeu frutas e tomou os sucos que eram aconselhados como milagrosos, comungou semanalmente como já fazia nos últimos anos! Abraçou e beijou minha mãe sempre com muita felicidade e carinho! Recebia os filhos com um olhar que não sei se vou conseguir esquecer! Procurei acompanhá-lo e sei que fiz muito pouco em relação ao tudo que ele fez por mim! Mas em nenhum momento fiz nada como troca, como pagamento: acho que cada pessoa tem um amor não rasgadamente declarado prá ser vivido! Amei meu pai muito mais do que eu tinha consciência...foi prá mim uma lição de vida e de morte!
Eu estava com minha mãe e minha irmã Leyse no momento em que ele se foi e vi que não houve dor, nem revolta, nem aflição: só mesmo se virou pro canto e dormiu... o sono estava tão profundo que nem elas perceberam! Nem sei se ele viu que morreu! Perdi meu pai que me ensinou muito e que deixou para o final a grande lição de tudo que assisti: viver com dignidade é coisa de vida e morte mesmo!
Não estou nem triste mais, só com saudades mesmo!

Um beijo carinhoso prá minha querida mãe que soube viver um grande amor e que foi o esteio que já eu sabia ser por tudo que passamos!