segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

 

Segunda de Primeira: É Carnaval!

                                           Acordei hoje com o barulho de um bloco de mascarados com suas fantasias em listras de cetim multicoloridas que se misturavam em um balé descombinado e gritos e apitos que chamavam a atenção de todos e nos lembravam cedinho que mesmo sendo segunda, ainda hoje é carnaval! Nem mesmo a programação televisiva totalmente "esoladesambanizada" nos lembra com tanta alegria os dias do Reinado de Momo que estamos vivendo como a alegria desse grupo que desce pela Avenida Carvalho e provavelmente se encontrará com tantos outros que se concentram lá pelos lados da Praça Dona Ermelinda. 
                                          Fico observando os latidos assanhados do cachorro que corre para o portão num ar de "vou ver o que está acontecendo na rua" e também seu medo por conta das falsas investidas do alegre grupo fingindo, com pedaços de paus, atacar o arisco animalzinho. Pobre Ravi (acho que já apresentei o cãozinho algumas vezes em crônicas aqui) que nunca se vestiu de mascarado e saiu pelas calçadas quentes desta cidade brincando escondido atrás de  máscaras alegres ou monstruosas numa divertida provocação de "adivinha quem está brincando contigo?"! 
                                          Existe ainda proconceito contra esses mascarados e claro que existem também mascarados que se aproveitam de suas fantasias para atitudes covardes e violentas: mas geralmente são as pessoas que mesmo sem as máscaras também optam por atitudes assim no seu dia a dia; mas não podemos deixar que as más impressões suplantem a magia dos alegres foliões que se mascaram e vão no bate-bola tão tradicional nos carnavais de Miracema. Comparo esta tradição aos Bois Pintadinhos e Mineiro-paus que encantam os visitantes e nos remetem aos carnavais de nossos tempos de criança e que se tornaram eficientes promotores de nosso folclore na simplicidade e na alegria de nossa gente.  
                                         Acho que por mais críticas que sempre pontuam o carnaval de nossa cidade, a festa como manifestação popular é sempre animada e sempre torna a Rua Direita o ponto de encontro daqueles que ficam e que gostam de carnaval. Já houve sim um tempo de mais Escolas de Samba e com fantasias mais ricas e organização mais elaborada, mas festa popular é assim mesmo: e não adianta que quem comanda é o povo. 
                                          Os bois e as mulinhas serão sempre animados de acordo com o espírito de quem os conduz e os repiniques que conduzem os blocos que passam sempre animados pela "Avenida" fervilham nosso sangue e quando vemos já estamos lá, embolados na multidão suada e ritmada que sobe e desce atrás de uma alegria contida durante o ano e que se extravasa na folia curtida com seu povo de forma tão democrática. Pois é, é no carnaval que as pessoas tão simples durante o ano se tornam os príncipes e rainhas da festa, bailando em torno de seus estandartes que na verdade são sim bandeiras de ideologias por mais alegria, mais cantoria, mais beijo na boca e samba no pé. 
                                        Já passei muitas e muitas vezes por essa rua com esta alegria toda e ainda hoje, mesmo que não participe de forma tão ativa, fico aguardando sempre a chegada do Carnaval para sentir ainda esse contágio de festa, essa vontade de música, esta alegria fácil que deveria fazer sempre de nós eternos foliões mesmo quando não existam as máscaras!
                                       E amanhã tem mais... pra tudo se acabar na quarta-feira!        

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