sábado, 4 de abril de 2015

                                      
       Outono ...

                                          De uns anos para cá já não suporto mais as estações limites, tanto o verão quanto o inverno. Temos tido verões extremamente quentes e os invernos sempre me lembram que já tenho uns   reumatismos aqui e acolá e  que doem um pouco mais os parafusos de platina que tenho implantados no meu ombro esquerdo. Então posso dizer que sou mais mesmo um apreciador de outonos e de primaveras! Ainda mais que outono tem conotação mesmo de maturidade, desprendimento, ficamos assim feito que desprendedores de folhas secas que espalhamos pelos chãos dos caminhos por onde passamos! 
                                               Sempre ligo o outono de minha infância à estação dos frutos maduros e saborosos... mas com a evolução da tecnologia agro-industrial, já temos frutos em qualquer estação! Então fica o outono assim com um muito do verão ainda nos seus primeiros dias e uma passagem lenta rumo ao inverno! Algumas fotos do Canadá ou de algum país europeu ainda nos mostram as árvores com seus troncos nus e tapetes de folhagens mortas pelo chão! E fico assim me metamorfoseando naqueles troncos tão desprendidos que se entregam nessa troca com a natureza, como partícipes das coisas da Terra. E caminhamos formando também nosso tapete de folhas mortas, coisas deixadas para trás como se secas e já descoloridas estivessem e não nos importassem tanto mais... e algumas delas são carregadas prá lá e prá cá pelos ventos das tardes e outras ficam lá, nos esperando nos caminhos das voltas para que as revolvamos um pouco mais!                           
                                              Vez por outra, essas folhas são até mesmo pessoas... já tive algumas perdas queridas nesse início de outono e que certamente serão folhas-memória que me alimentarão saudades! O bom mesmo é sabermos que os caules, estes mastros de nossas lutas de resistência nos embates contra a devastação de tudo, ficarão postos feito guerreiros silenciosos que nos meses seguintes hibernarão desejos de flores lindas para a nova Primavera!
                                            Acho que no outono a gente pensa um pouco mais... não sei se acontece com todo mundo, mas fiquei mais reflexivo sim, de uns outonos para cá... não sei se tanto pelos frutos ou se pelas tais folhas que caem... nem sei se caem tanto mais nesse país tropical com o tempo desobediente que temos vivido... mais um outono está aí! Até quando o Inverno chegar... até quando a Primavera chegar!

sexta-feira, 3 de maio de 2013



Parabéns, minha jovem senhora!

                                      
                                       Pois é, o sol hoje despontou como que para iluminar a jovem cidade aniversariante, a tal Princesinha do Norte, a bucólica de meio-fios caiados e alvoroçada de carros nesses tempos de comemoração e reflexão. Eu que nem me acho assim tão velho, lembro da cidade de um tempo que parece ir já tão longe que nem parece que vivo ainda exatamente na terra onde nasci. Sou do tempo da Miracema do Potoca, do Paraoquena ("Paroquena, pé redondo!" e lá vinha pedra e galope sobre a criançada implicante) e da Isabel dos Cachorros; dos carrinhos de rolimã e das búlicas para os jogos de bola de gude no Jardim; das carniças, amarelinhas e pique-esconde e polícia e ladrão; fui coroinha, participei de grêmios e corais na escola, jeca em São João e Apóstolo em Semana Santa (água gelada que me lavava os pés!)... tomei melado e mastiguei as canas, montei cavalos e corri de mulinhas nos carnavais dos tempos de bons carnavais; adorava tomate com açúcar e café fraquinho e doce como só a Marlene fazia na casa de minha mãe; tive bolhas nos pés descalços nos treinos de basquete com o Sr Nézio no Rinck e olhos ardidos pelas"lacerdinhas" das árvores, umas bem menores que essa que hoje estão na Praça; toquei tarol nos desfiles de maio e escrevi poemas nos meus cadernos; vi visitantes governadores atrás de votos e bispos em tempo de crisma; li os livros da Maria Alice Barroso e as poesias do Gilberto, o também Barroso, mas de Carvalho; aprendi rezas com os padres holandeses (Alberto, André, Jerônimo e Luiz) e comi os doces do Pegue e Pague da Arlete, mãe da minha amida Dadá (aliás, lembro-me muito da Dadá desfilando nas bordas da piscina do Clube XV com um corpo escultural em maiôs escandalosos para a época! - dessa vez ela me mata pelo comentário!); saboreei os quibes do Seu Abdo e os picolés Sibéria; comprei tecidos no Michel e levei para o Chiquinho fazer minhas calças compridas; comi Macarrão Miracema e tomei goles do café Katiá; comprei leite na carrocinha e pão do Leco tirados dos fornos das 3 da tarde; estudei com a Zizi Moreira e o Zé Felicíssimo, a Cilinha e a Vera Mota, Ruth Passos e Orlanda de Martino, Jane Ciuffo e Jarbas, o "Seu Fininho" (a qualquer movimento estranho dá-se um zero e poe-se para fora!) e tantos outros e tão saudosos que me dão orgulho de tê-los tido como mestres de minha infância; até mesmo as aulas de datilografia da Dona Otília hoje me lembram que o teclado é o mesmo; lembro-me do apito da Fábrica e do cheiro da Usina de cana adocicada ou do vinhoto ardido liberado;  lembro também do ribeirão tapete de flores amarelas do Ipê mais lindo e do poema da Glória também lindo em sua saudosa homenagem à árvore; os sapotis do quintal de minha avó alimentavam os morcegos e nos lambuzava a cara da infância, também de lábios colados pelos abios de vez; os casarões de minha infância, muitos deles ainda estão aí para contar minha história! E as Palmeiras da Praça Dona Ermelinda ainda clamam por um socorro que não tem resposta e que eliminam sempre mais uma quando nos damos conta! 
                                          É, velha senhora, cúmplice de meus sonhos, teia de minhas artimanhas, provedora de meus desejos, delícia de meus prazeres! Te homenageio hoje falando de mim mesmo, que passeei pelas suas calçadas e paralelepípedos, beijei algumas de suas meninas, finquei pés em algumas casas, brinquei com seus brinquedos e estudei no seu saber! Te acaricio na sua data e te agradeço o aconchego: perdoo os sonhos que não me permitiu sonhar mas te fantasio da mais bela princesa: Princesa, cidade minha!

domingo, 9 de setembro de 2012

Eleições: afinal somos adversários ou inimigos?



Eleições: afinal somos adversários ou inimigos?

          Venho observando as eleições em Miracema e fico me perguntando quem são nossos adversários e de quem somos também adversários? Será que as pessoas que disputam os cargos ou os eleitores são assim tão independentes em uma cidade tão "família" e "amiga" a ponto de nos vermos como ferrenhos inimigos? Será que a batalha não se dará  sempre no campo das ideologias ou mesmo amizades ou mesmo interesses pessoais?
           Leio ou ouço agressões a  pessoas que exercem cargos de confiança no governo como se elas fossem na verdade mamíferos agregados às tetas de uma Prefeitura onde o dinheiro é farto e infindável! E em muitos casos exatamente essas mesmas pessoas ou agregados a elas também já exerceram cargos ou estão a espera de promessas para ocuparem estes mesmos cargos criticados. E onde entra a instituição família, as crenças religiosas  com tantos templos e fiéis na nossa terra, a solidariedade propagada pelos clubes de serviços, enfim, onde somos vizinhos ou amigos de copos ou de ideias? Teremos mesmo que nos portar como inimigos uns dos outros? Teremos que nos agredir verbalmente ou até mesmo caminhar para as "porradas" num momento em que cessarem nossos argumentos? Estamos em 2012 ou elegendo o rei de uma tribo da Idade da Pedra?
           E não estou aqui fazendo críticas pessoais a nenhum grupo em especial... apenas me sentindo ameaçado de exercer minha cidadania ou até mesmo de exercitar um cargo que ocupo hoje como Secretário de Saúde dessa cidade. Fiquem absolutamente tranquilos que tenho certteza que meu cargo é passageiro (e acho ótimo mesmo que seja, até para que estas mesmas pessoas possam ver a responsabilidade e a dificuldade de se conduzir uma Secretaria) e o exercerei com dignidade e responsabilidade até que eu seja demitido ou peça minha demissão. Nunca tive a intenção de ser perfeito e o cara que resolveria todo o problema de saúde de Miracema: e tenho consciência que o problema é muitas vezes bem menoor do que o da maioria das cidades de nosso país. Vivemos num caos social e a saúde é o reflexo de tudo isso; mas quem trabalha nessa área de forma séria e envolvida sabe que estamos vivendo um processo de construção e o SUS é o maior Programa de Saúde Pública do nosso planeta e o único em que indistintamente beneficia a toda a população de um país de dimensões continentais como o nosso. E a municipalização nos impõe lutas permanentes e diárias na busca de soluções locais para problemas nacionais ou mesmo globais. E temos lutado, diariamente e incansavelmente; não me furto de enfrentar um leão por dia e junto com minha equipe lá da Secretaria temos alcançado muito mais vitórias que derrotas. E confesso que as derrotas muitas vezes são nossa impotência de mostrar a muitos usuários que mesmo com direitos iguais os pobres devem ser os que merecem nossos maiores cuidados, porque na verdade esles são os desiguais em praticamente todos os processos inclusivos de nossa sociedade. Ficamos mesmo perplexos quando uma pessoa de poder aquisitivo bem maior não é solidário com a dificuldade e urgência de um menos afortunados. 
          Não vou nem me estender muito para que as pessoas possam aos poucos avaliar minhas angústias e decepções. Mas para que eu tenha oportunidade também de lhes falar do orgulho do trabalho feito pela Secretaria de Saúde de nosso município. Mas certamente me utilizarei mais e mais desse blog para falar o que acho que devo e não me furtar de comentários ou até mesmo defesa de meus pontos de vista. E se alguém está achando que estou mamando em alguma teta, coloco-a desde já à disposição para que outra pessoa mais capaz passe a fazer a ordenha. Só espero que o leite seja também o suficiente para que sobre para os mais necessitados.

sábado, 19 de maio de 2012



JOGO DE BOLA
marcelino tostes padilha neto


Enquanto a bola rolar
Acariciando a grama verdinha
Levando o forte pontapé do jogador pela bunda
Recebendo o abraço solto da rede do gol,
Haverá jogo.

Enquanto a bola ficar
Impassivelmente acomodada no centro do gramado
Invariavelmente incomodada na linha do pênalti
Na expectativa de que alguém a impulsione,
Não haverá jogo.

Existe sempre na vida
O jogo
Ou a expectativa do jogo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Entrevista no blog miracemarj.blogspot.com

EXCLUSIVO: ENTREVISTA COM O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE DE MIRACEMA


Hoje o blog traz uma entrevista exclusiva com o Secretário Municipal de Saúde, o odontólogo Marcelino Tostes Padilha Neto. As perguntas foram feitas pensando no usuário do SUS e principais interessados na melhoria das condições de saúde no município. O secretário ainda aproveita para esclarecer o caso da ambulância de Paraíso do Tobias, que foi comentado esta semana no blog do Pablo Calor e que já está resolvido. Na foto, Ivany Samel e Marcelino Padilha.

1) O senhor assumiu a Secretaria Municipal de Saúde há poucos meses. A população afirma que muita coisa mudou. Quais ações o senhor tomou para mudar tanto em tão pouco tempo? Sua condição de funcionário efetivo da Secretaria Municipal de Saúde influiu nessa mudança?

Temos nos esforçado para trabalhar em conjunto com os funcionários e o povo em geral na construção da Saúde que queremos; é uma conquista diária, experiências sendo colocadas em prática para facilitar acolhimento e a humanização da Saúde. Claro que temos absoluta certeza de que não resolveremos tudo e nem temos essa pretensão: mas o caminho tem que ir sendo construído de forma participativa e sempre avançando; tropeçamos várias vezes e temos sempre humildade para votar e buscar novas saídas. Trabalhamos sempre com verdade e ouvindo as necessidades. Acho que o fato de ser funcionário da Secretaria Municipal da Saúde foi um fator a mais na busca desse diálogo de construção: fui recebido de forma especialmente cordial por parte dos funcionários e nada teria sido possível se não nos propuséssemos a formar uma equipe.

Aproveito essa primeira resposta para humildemente me desculpar com a população de Paraíso do Tobias pelo equívoco que íamos cometendo em relação ao atendimento da Ambulância: achávamos que seria compatível o atendimento do Pronto Socorro também nas emergências daquele distrito. Ouvimos a voz do povo e, numa conversa com o motorista de lá, combinamos o retorno do atendimento que passa a ser absolutamente igual ao que era antes. Aos poucos acharemos uma forma de manter este atendimento sem prejuízo para o funcionário, até mesmo porque foi feito um Concurso agora e certamente serão chamados motoristas para suprir nossas necessidades.

2) O senhor disse, recentemente, que quando entrou, ouviu que seria primeiro aplaudido e depois criticado. Logicamente que o senhor tem consciência de que, qualquer homem público, está sujeito a isso: aplausos e críticas. Quem é maior conselheiro, o aplauso ou a crítica?

Na verdade ouvi que receberia aplausos e depois seria crucificado. Certamente não assumi a Secretaria objetivando uma coisa ou outra. Recebi convite do Prefeito para trabalhar na Promoção da Saúde da População de Miracema, principalmente dos mais pobres. Tenho consciência de que o cargo é passageiro e responsabilidade para exercê-lo com dignidade e buscando propostas e soluções para os desafios que se apresentam. Meu conselheiro não é o aplauso ou a crítica: é o usuário do SUS. Gosto muito de conversar, ouvir as pessoas, ver seus anseios, suas histórias pessoais. E claro que o Prefeito Municipal, os funcionários da Secretaria, os prestadores de Serviços e o Conselho Municipal de Saúde muitas vezes trazem as respostas para as angústias de quem trabalha nessa área. Diferente do que muitos imaginam, não somos uma Secretaria de Problemas, somos sim, busca de Soluções.

3) Como tem sido a relação entre a secretaria e o Conselho Municipal de Saúde? O Conselho, segundo um ex-secretário, atrapalha mais do que ajuda. Qual sua opinião sobre isso?

Para mim o Conselho é o tambor, a voz e o grito dos usuários de Saúde. Nossa relação é hoje de cordialidade, respeito e muita parceria: convido-os sempre (e eles a mim) a participar principalmente dos momentos mais difíceis para resolução de dificuldades. Nos divergimos em algumas ocasiões mas nunca perdemos o foco que é o usuário do SUS. Agora mesmo acabamos de reformar uma sala especialmente para os trabalhos do Conselho e tenho orgulho de ter participado deste empreendimento. Jamais o Conselho vai atrapalhar o andamento da Secretaria, mesmo porque o Conselho é peça fundamental na dinamização de nossos trabalhos e merece respeito e credibilidade, já que se constitui dos representantes da comunidade na elaboração de propostas e fiscalização da aplicação dos recursos oriundos das esferas Federal, Estadual e Municipal. Aproveito então para parabenizar o Sr Marcos Moura recentemente eleito para presidir o novo biênio do Conselho.

4) Outro grande problema na área da saúde é a distribuição de medicamentos. Como funciona o novo sistema, implantado em sua gestão, para fornecimento de medicamentos a pacientes carentes? Há grandes filas?

Com toda dificuldade de administração dos recursos, tentamos manter a Farmácia Básica. A carência nesse setor é muito grande. E importante lembrar aqui que as verbas já vem especificamente dirigidas para certos tipos de gastos: não se pode comprar medicamentos com verbas de outros programas - e vivemos então o dilema de muitas vezes não suprir as necessidades daqueles que procuram medicamentos. Temos tentado comprar os medicamentos diretamente dos laboratórios ou Distribuidoras de Medicamentos, onde comparamos preços e podemos melhor comprar... isso às vezes atrasa um pouco a entrega, dificulta o imediato atentimento... mas geralmente dá certo. Em alguns casos compramos diretamente das farmácias da cidade, quando a emergência se faz necessária. E também no aviamento dessas receitas fazemos parceria com a população fornecendo o medicamento de acordo com avaliação de um farmacêutico especificamente para essa função. O atendimento é rápido e faz parte do Serviço Social da Saúde que implantamos onde também atendemos exames de média e alta complexidade, consultas fora do domicílio, cirurgias, etc.

5) Quais ações efetivas já foram concluídas após sua posse? E ações previstas para os próximos meses?

Transferimos para a Fundação Leão XIII, o Centro Odontológico Dr Juscelino Motta, com novas e modernas instalações, dando conforto e privacidade nos atendimentos aos nossos pacientes. O espaço foi então ocupado pelo Serviço Social da Secretaria de Saúde, onde prestamos os serviços já descritos na resposta anterior. Separamos o CASM (Centro de Atendimento à Saúde da Mulher) do Pronto Socorro Municipal, objetivando também dar maior identidade ao Atendimento: e a equipe está super motivada e exercendo um trabalho digno e motivo de orgulho para nossa comunidade. Procuramos melhorar as instalações e manutenção dos equipamentos de nossas unidades. Estamos já na fase final de uma adaptação para um serviço específico para a imunização (Vacinas), Atendimento a Crianças Baixo Peso, Consultas Pediátricas, Curativos e outros procedimentos, um atendimento exclusivo para nossas crianças, de forma também mais humanizada. O Pronto Socorro Municipal vai receber no próximo semestre uma sala de atendimento emergencial com equipamento de ponta, dando ainda melhor qualidade em nossos atendimentos. Temos já em fase final de licitação investido na compra de novos veículos para melhoria na qualidade de transporte de nossos pacientes. Investimos constantemente na capacitação de nosso pessoal, procurando promover nossas ações numa Saúde Pública com mais qualidade e mais acessível à nossa população.

Agradeço a oportunidade de responder essas questões e dizer a todos os miracemenses que estamos lá na Secretaria sempre de braços abertos para recebê-los, sempre querendo acertar! Tenho tido total apoio do Prefeito em minhas ações, assim como parceria de Vereadores, Secretários, Associações de Moradores, Prestadores de Serviços de Saúde, Servidores Públicos da Saúde; as críticas são sempre benvindas e humildemente analisadas, quero-as sempre, mesmo que escondidas em anonimato. Não se preocupem que recebo também muito carinho da maioria dos que me procuram na busca de um atendimento. Estou feliz com o que faço e tenho procurado compartilhar sempre isso com todos que trabalham comigo - sem a ajuda deles nada seria possível. Que até mesmo os erros que tenhamos cometido sejam tidos como parte da construção que procuramos: não sou nada além de mais um na busca de um serviço público melhor e mais digno; não construí nada novo senão sobre tudo o que meus antecessores fizeram. Homenageio-os tendo forças para dar um passo a mais, somente isso! Saúde para todos!

sábado, 21 de maio de 2011

Estar Secretário


                                           É muito difícil administrar uma Secretaria de Saúde, principalmente em um município carente e com estrutura de atendimento bastante simplificado, com poucos serviços de média e alta complexidade.
                                           E falar de Saúde é muito mais que fornecer medicamentos ou consultas. Gasta-se muito com combustível e oficinas mecânicas para transporte de pacientes para consultas ou tratamentos especializados no Rio, Niterói, Campos, Itaperuna, Muriaé e até mesmo São Paulo. Manter Pronto Socorro Municipal, Exames Laboratoriais, Odontologia, DST/AIDS, Centro de Atenção da Saúde da Mulher (CASMI), Estratégia da Saúde da Família (ESF), Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Oftalmologia, Combate à Dengue, Vigilância Sanitária, SISVAN, etc, requer coragem para administrar recursos muitas vezes incompatíveis com as necessidades de nossos munícipes. Juntando-se a isso carros já sucateados, Unidades de Saúde clamando por reformas, aglomeração e dificuldade em alguns atendimentos, prestação de Socorro em Ambulâncias (somente o SUS faz todo o atendimento de ambulâncias em nosso município), transporte diário de pacientes oncológicos  e de hemodiálise, cobranças judiciais de fornecimento de medicamentos e, somando-se a isto todo o envolvimento de servidores, muitas vezes até desmotivados pelo salário defasado até por conta da lei que limita os gastos da Prefeitura com o pagamento de seus funcionários, nos entregamos à luta, ao enfrentamento das dificuldades corriqueiras na busca da humanização do atendimento, na minimização dos sofrimentos daqueles que nos solicitam socorro, cura ou até mesmo uma atenção, uma orientação.
                                          Claro que não temos pretensão de todas as respostas, todas as soluções: somos também defeitos, dificuldades e até mesmo cansaço quando perdemos uma batalha. E sempre  também somos luta, garra, busca de soluções. As dificuldades financeiras são decorrentes das dificuldades sociais. Temos honrado nossos compromissos financeiros e negociado nossos débitos com verdade, convite a parcerias, solidariedade na continuidade do fornecimento; mas que fique tranquila a população que não possuímos qualquer dívida impagável ou irresponsável. Temos tido por parte do Sr Prefeito atendimento a nossos pedidos de socorro sempre que seja possível e necessário, até mesmo ultrapassando as obrigações legais que são impostas aos governantes dos município. E com toda a dificuldade estamos investindo em novas instalações (Odontologia, CASMI e Conselho Municipal de Saúde) – convido a todos a visitar estes serviços que certamente surpreenderão a todos pela simplicidade, praticidade, dignidade que nem mesmo eu imaginei em tão pouco tempo. Estamos criando um Centro de Imunização (Vacinas) onde nossas crianças terão conforto e tranquilidade no atendimento. Já adquirimos um novo veículo através de um Programa Federal e já estão outros 2 em processo licitatório objetivando renovação de nossa frota.
                                           No Combate à Dengue, investimos na aquisição de 2 novas máquinas de pulverização (a últimas havia sido comprada a cerca de 18 anos), o Prefeito solicitou o retorno do Fumacê, campanhas educativas e um incansável trabalho dos Agentes de Combate à Dengue. Mesmo com diversos municípios de nossa região com índices alarmantes de infestação da doença, tivemos aqui  poucos casos.
                                           Outro dia li que mais critica o SUS aqueles que não o utilizam. Principalmente a população mais pobre sabe o quanto é importante o nosso atendimento, a nossa disponibilidade, a nossa evolução.  A nossos parceiros na prestação de serviços, a nossos usuários, à nossa população em geral, convido-os à luta. Estou aqui, como governo  e usuário, estendendo a mão a todos, independente de cores partidárias ou ideologias, convidando-os ao bom combate. As críticas serão sempre bem-vindas e construtivas, mas melhor mesmo que sejam responsáveis.
                                         A todos os funcionários que na verdade são os esteios, independente de qualquer Secretário que ocupe a pasta, muito obrigado pela acolhida e junto-me a vocês desejando: “Saúde, Miracema!”     

                                                         Marcelino Tostes Padilha Neto
                                                    - Sec Mun de Saúde de Miracema-RJ -

terça-feira, 3 de maio de 2011

   MINHA MÃE
                                 Marcelino Tostes Padilha Neto

Num certo Natal,
Com o seu José,
me trouxe menino!
Anjo discreto no seu guardar,
Deu-me raízes
E construiu minhas asas
(pena por pena)
Para o meu voar...
Tomou-me os pontos no ponto certo
Leu redações, nem sei mais quantas!
Rezou os terços do mês de maio,
Armou presépios de meus dezembros...
Choramos juntos,
Mas rimos tão mais
que nos sabemos felizes.
Tricotou blusas de meus invernos,
Refez mil vezes mangas de camisas
(sempre franzidas! rsrs)
Cerziu roupas e feridas
De minha infância,
Dançou comigo nos primeiros bailes!
Cartas na mesa,
Delícias de doces ...
Me deu os abios, caquis e jambos
Que nem sei como são mais.
Escravos de Jó,
Lá vai o ganso!
: sou filho da mãe!
- Cadê o toucinho que tava aqui?

(Espero as canções
que ainda não tocou prá mim!)