domingo, 9 de setembro de 2012

Eleições: afinal somos adversários ou inimigos?



Eleições: afinal somos adversários ou inimigos?

          Venho observando as eleições em Miracema e fico me perguntando quem são nossos adversários e de quem somos também adversários? Será que as pessoas que disputam os cargos ou os eleitores são assim tão independentes em uma cidade tão "família" e "amiga" a ponto de nos vermos como ferrenhos inimigos? Será que a batalha não se dará  sempre no campo das ideologias ou mesmo amizades ou mesmo interesses pessoais?
           Leio ou ouço agressões a  pessoas que exercem cargos de confiança no governo como se elas fossem na verdade mamíferos agregados às tetas de uma Prefeitura onde o dinheiro é farto e infindável! E em muitos casos exatamente essas mesmas pessoas ou agregados a elas também já exerceram cargos ou estão a espera de promessas para ocuparem estes mesmos cargos criticados. E onde entra a instituição família, as crenças religiosas  com tantos templos e fiéis na nossa terra, a solidariedade propagada pelos clubes de serviços, enfim, onde somos vizinhos ou amigos de copos ou de ideias? Teremos mesmo que nos portar como inimigos uns dos outros? Teremos que nos agredir verbalmente ou até mesmo caminhar para as "porradas" num momento em que cessarem nossos argumentos? Estamos em 2012 ou elegendo o rei de uma tribo da Idade da Pedra?
           E não estou aqui fazendo críticas pessoais a nenhum grupo em especial... apenas me sentindo ameaçado de exercer minha cidadania ou até mesmo de exercitar um cargo que ocupo hoje como Secretário de Saúde dessa cidade. Fiquem absolutamente tranquilos que tenho certteza que meu cargo é passageiro (e acho ótimo mesmo que seja, até para que estas mesmas pessoas possam ver a responsabilidade e a dificuldade de se conduzir uma Secretaria) e o exercerei com dignidade e responsabilidade até que eu seja demitido ou peça minha demissão. Nunca tive a intenção de ser perfeito e o cara que resolveria todo o problema de saúde de Miracema: e tenho consciência que o problema é muitas vezes bem menoor do que o da maioria das cidades de nosso país. Vivemos num caos social e a saúde é o reflexo de tudo isso; mas quem trabalha nessa área de forma séria e envolvida sabe que estamos vivendo um processo de construção e o SUS é o maior Programa de Saúde Pública do nosso planeta e o único em que indistintamente beneficia a toda a população de um país de dimensões continentais como o nosso. E a municipalização nos impõe lutas permanentes e diárias na busca de soluções locais para problemas nacionais ou mesmo globais. E temos lutado, diariamente e incansavelmente; não me furto de enfrentar um leão por dia e junto com minha equipe lá da Secretaria temos alcançado muito mais vitórias que derrotas. E confesso que as derrotas muitas vezes são nossa impotência de mostrar a muitos usuários que mesmo com direitos iguais os pobres devem ser os que merecem nossos maiores cuidados, porque na verdade esles são os desiguais em praticamente todos os processos inclusivos de nossa sociedade. Ficamos mesmo perplexos quando uma pessoa de poder aquisitivo bem maior não é solidário com a dificuldade e urgência de um menos afortunados. 
          Não vou nem me estender muito para que as pessoas possam aos poucos avaliar minhas angústias e decepções. Mas para que eu tenha oportunidade também de lhes falar do orgulho do trabalho feito pela Secretaria de Saúde de nosso município. Mas certamente me utilizarei mais e mais desse blog para falar o que acho que devo e não me furtar de comentários ou até mesmo defesa de meus pontos de vista. E se alguém está achando que estou mamando em alguma teta, coloco-a desde já à disposição para que outra pessoa mais capaz passe a fazer a ordenha. Só espero que o leite seja também o suficiente para que sobre para os mais necessitados.