quarta-feira, 12 de maio de 2010

Teatro Amador do Grupo Reviver se apresentou em Juiz de Fora


                        Chegamos a um centro maior! rsrs

                                 No dia 7 de maio, o nosso Grupo de Teatro Amador da Terceira Idade se apresentou finalmente em Juiz de Fora-MG, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas, da FUNALFA, satisfazendo um grande sonho nosso de nos apresentarmos em uma cidade maior e  num Teatro com palco, luz, som, tudo mesmo tecnicamente adequado para uma apresentação teatral. Claro que cada apresentação em qualquer local é importante: seja numa praça, numa quadra de esportes, numa sala de uma agremiação qualquer e principalmente numa escola (aliás, importante abrir um parênteses aqui para salientar a satisfação de nossas apresentações já pelo segundo ano consecutivo na Escola Estadual Arthur Bernardes, de Palma, onde a diretora faz questão de nos levar como forma de mostrar arte e cultura para seus alunos e o povo palmense em geral, numa perceria que só nos encanta pela forma carinhosa como somos recebidos): mas é claro também que faz parte do sonho de quem trabalha com arte se apresentar um dia num Teatro com aparato próprio para as apresentações.
                         E lá fomos nós, um grupo de "coroas artistas" que alugamos uma van para nos apresentarmos numa cidade maior e a mais distante das que já nos havíamos apresentado. O tal  friozinho na barriga só foi superado pela alegria contagiante desses mais de 500 anos de histórias pessoais que se uniram para contar a todos "Um conto antes que nunca mais!"... e mesmo a viagem sendo mais longa e até mesmo um pouco desconfortável, já que no veículo estávamos 13 pessoas, fomos felizes da vida viver o nosso destino, como aquele anão da peça que "se casou com uma morena que conheceu num baile do Grupo Revier e foi viver o destino dele lá na rua Nova" . O resto, foi mesmo só emoção: o Centro Cultural é enorme e super bem equipado, com galerias de arte para exposições e salas de oficinas , videoteca, um imenso salão para aulas de dança e também exposições maiores, uma imensa biblioteca Municipal com um grande fluxo de pessoas pesquisando em computadores e livros, enfim, uma infra-estrutura que nos deixou boquiabertos. E lá num cantinho super especial, estava ELE, o nosso primeiro Teatro de Verdade! Subir num palco assim creio que seja viver a mesma emoção de uma criança pedalando em sua primeira bicicleta; a magia daquele palco com aquela iluminação mágica nos fez artistas de verdade; no camarim, até mesmo armários individuais para que cada artista se organizasse com seus pertences. O público com cara diferente porque estranhos a todos nós, fazia aumentar ainda mais nossa ansiedade. Alguns miracemenses que já vivem a muito tempo em Juiz de Fora foram nos prestigiar  orgulhosos de terem visto nos jornais da cidade a notícia  da apresentação de um grupo teatral de sua já distante Miracema... até mesmo uma amiga da net que mora em São Vicente (SP) foi lá especialmente para assistir nosso grupo e junto a ela também estava uma outra grande amiga que eu não via a tempos! O jornalista Renato Mercante que também estava presente, depois me mandou um "scrap" falando do orgulho que sentiu de ver a arte de nossa cidade sendo apresentada lá! Um outro grupo de Juiz de Fora, também de Teatro da Terceira Idade, do Forum da Cultura da UFJF, também prestigiou-nos com muitos de seus componentes na plateia. 
                                      Durante a peça, muitos risos com as graças dos personagens e muita atenção nas mensagens do texto. Terminada a apresentação, calorosos aplausos da plateia de pé que não se conteve e foi para o palco em sua maioria para cumprimentar a todos do grupo e fotografar, abraçar, perguntar pelas pessoas de Miracema, incentivar, comemorar, aplaudir.
                                     Foi uma noite memorável e que só poderia mesmo ter terminado quando, já bem tarde em nosso retorno, paramos num bar na praça de Maripá de Minas para fazermos um lanche e alguns até tomaram uns copos de vinho, apreciando o belo coreto que tem naquela praça que nos recebeu no nosso cansaço e na nossa alegria dessa vida de artista. Viemos de lá com a certeza de que não queremos viver disso,  mas queremos viver nisso! E já até temos data marcada para retorno: nos dias 29 e 30, deste mês de  maio ainda, nos apresentaremos de novo em Juiz de Fora, desta vez  na Casa da Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora! E lá vamos nós! rsrsrs    

segunda-feira, 3 de maio de 2010


Parabéns, minha jovem senhora!

                                      
                                       Pois é, o sol hoje despontou como que para iluminar a jovem cidade aniversariante, a tal Princezinha do Norte, a bucólica de meio-fios caiados e alvorçada de carros nesses tempos de comemoração e reflexão. Eu que nem me acho assim tão velho, lembro da cidade de um tempo que parece ir já tão longe que nem parece que vivo ainda exatamente na terra onde nasci. Sou do tempo da Miracema do Potoca, do Paraoquena ("Paroquena, pé redondo!" e lá vinha pedra e galope sobre a criançada implicante) e da Isabel dos Cachorros; dos carrinhos de rolemã e das búlicas para os jogos de bola de gude no Jardim; das carniças, amarelinhas e pique-esconde e polícia e ladrão; fui coroinha, participei de grêmios e corais na escola, jeca em São João e Apóstolo em Semana Santa (água gelada que me lavava os pés!)... tomei melado e mastiguei as canas, montei cavalos e corri de mulinhas nos carnavais dos tempos de bons carnavais; adorava tomate com açúcar e café fraquinho e doce como só a Marlene fazia na casa de minha mãe; tive bolhas nos pés descalços nos treinos de basquete com o Sr Nézio no Rinck e olhos ardidos pelas "lacerdinhas" das árvores, umas bem menores que essa que hoje estão na Praça; toquei tarol nos desfiles de maio e escrevi poemas nos meus cadernos; vi visitantes governadores atrás de votos e bispos em tempo de crisma; li os livros da Maria Alice Barroso e as poesias do Gilberto, o também Barroso, mas de Carvalho; aprendi rezas com os padres holandeses (Alberto, André, Jerônimo e Luiz) e comi os doces do Pegue e Pague da Arlete, mãe da minha amida Dadá (aliás, lembro-me muito da Dadá desfilando nas bordas da piscina do Clube XV com um corpo escultural em maiôs escandalosos para a época! - dessa vez ela me mata pelo comentário!); saboreei os quibes do Seu Abdo e os picolés Sibéria; comprei tecidos no Michel e levei para o Chiquinho fazer minhas calças compridas; comi Macarrão Micacema e tomei goles do café Katiá; comprei leite na carrocinha e pão do Leco tirados dos fornos das 3 da tarde; estudei com a Zizi Moreira e o Zé Felicíssimo, a Cilinha e a Vera Mota, Ruth Passos e Orlanda de Martino, Jane Ciuffo e Jarbas, o "Seu Fininho" (a qualquer movimento estranho dá-se um zero e poe-se para fora!) e tantos outros e tão saudosos que me dão orgulho de tê-los tido como mestres de minha infância; até mesmo as aulas de datilografia da Dona Otília hoje me lembram que o teclado é o mesmo; lembro-me do apito da Fábrica e do cheiro da Usina de cana adocicada ou do vinhoto ardido liberado;  lembro também do ribeirão tapete de flores amarelas do Ipê mais lindo e do poema da Glória também lindo em sua saudosa homenagem à árvore; os sapotis do quintal de minha avó alimentavam os morcegos e nos lambuzava a cara da infância, também de lábios colados pelos abios de vez; os casarões de minha infãncia, muitos deles ainda estão aí para contar minha história! E as Palmeiras da Praça Dona Ermelinda ainda clamam por um socorro que não tem resposta e que eliminam sempre mais uma quando nos damos conta! 
                                          É, velha senhora, cúmplice de meus sonhos, teia de minhas artimanhas, provedora de meus desejos, delícia de meus prazeres! Te homenageio hoje falando de mim mesmo, que passeei pelas suas calçadas e paralelepípedos, beijei algumas de suas meninas, finquei pés em algumas casas, brinquei com seus brinquedos e estudei no seu saber! Te acaricio na sua data e te agradeço o aconchego: perdoo os sonhos que não me permitiu sonhar mas te fantasio da mais bela princesa: Princesa, cidade minha!