terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Poema: Feliz Ano Novo!



FELIZ ANO NOVO !

Marcelino Tostes Padilha Neto


Feliz Ano Novo, meus filhos!

A vocês e a vossos filhos

- porque vossos sonhos são vossos filhos.

E Feliz Ano Novo

A todos os filhos,

A todos os sonhos.


Aos filhos que um dia ninei

E que noites e dias sonhei

Ora comigo, ora sozinhos,

Sempre-sempre sozinhos,

todinhos em mim.


Aos filhos que as loucas

Que sonharam amores

Puseram no mundo, no fundo do mundo

E gargalharam misérias,

mistérios profundos.


Aos filhos das bombas

Que deceparam sonhos

Que mutilaram corpos

E escureceram mundos - mudos,

iluminados céus.


Aos filhos das santas

Que entre sonhos divinos

Crucificaram esperanças - mudanças

Certos de que tudo é assim

porque Deus quer.


Aos filhos das putas

De orgasmos sonhados

Que já nasceram frutos - sementes

Dos doces pecados

do ano passado.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Poema: "Anjo de Rua"





ANJO DE RUA

marcelino tostes padilha neto



As sobras do que as pessoas comem

Muitas vezes são insuficientes para matar minha fome;

E meu pranto torna-se um grito - lâmina

Que traspassa lentamente o coração da loucura

E mina todas as forças que magicamente fizeram-me gente.

Mas eu mastigo o fel - fecunda lição para meus delírios.


As sobras do que as pessoas vestem

Tantas e tantas vezes não impedem o frio que corrói minha pele;

E o vento faz-se música - canção de ninar

Que curto pelas empoeiradas calçadas

E corrói todas as vontades que francamente alimentam-me as veias.

Mas eu agasalho sonhos - doces desejos por dias melhores.


As sobras do que as pessoas são

comumente são parcos tijolos para construir meu Natal;

E minha cara torna-se um anjo - arcanjo

Que enfeita as mesas das ceias

Que alivia muitas das culpas que intensamente as pessoas vivem.

Mas eu transformo-me em luz - menino de rua com cara de santo.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Poema: Azul dos Olhos

AZUL DOS OLHOS

Marcelino Tostes Padilha Neto


Nas janelas dos teus olhos

Vejo o mar, o azul do mar

E suas ondas teimosas

Querendo molhar-me os pés

Querendo lavar-me os passos

que correm pra teus abraços!


Das janelas de teus dias

Espero por minhas tardes, outonas tardes

E suas mudas canções

Querendo ninar meus ouvidos

Querendo cochichar teus segredos

que me contam de ti!