terça-feira, 23 de setembro de 2008

Os Sinos

OS SINOS
(à tia Nelly)
marcelino tostes padilha neto

Mesmo que ocorra toda a
calma da cidade
Todos os dias,
Nos mesmos dias,
Nas mesmas horas,
Nos mesmos tons,
Nos mesmos sons,
Tocam insistentemente os sinos.
Badalam em nossos ouvidos
calmos pela cidade
Clamando por nossos dias,
Imensos dias,
Intermináveis horas,
Imutáveis tons,
Despercebíveis sons,
Dos sempre imperturbáveis sinos.
Martelam em nossas consciências
calmas pela cidade
Cobrando por mais um dia,
Pecaminoso dia,
Glorificadas horas,
De desgraçados tons,
Harmoniosos sons,
Dos cúmplices e vigilantes sinos.
E porque tocam calmamente estes
sinos da cidade,
Incessantemente com seus hinos,
Irritantemente com suas rezas,
De monótonos dias, horas,
Tons e sons,
Vou me adaptando à calma da cidade,
dos ouvidos,
das consciências.

domingo, 21 de setembro de 2008

Teatro Amador na Terceira Idade - Grupo Reviver- Miracema-RJ

A idéia de escrever peça de teatro para a chamada "Terceira Idade" surgiu a partir de minha inclusão num grupo e o meu sentimento de que se deveria fazer mais do que dançar forró ou participar de conversas amenas e sociais a respeito disso; não que eu não goste de dançar forró ou mesmo de conversar (rsrs)... mas achei que seria um filão para inclusão do idoso na sociedade, principalmente em uma cidade onde as pessoas em geral não tem tanta oportunidade de eventos culturais. Mesmo Miracema sendo uma cidade de grandes poetas, músicos, pintores, artesãos... enfim, pessoas ligadas às artes em geral, eu queria uma coisa nova, mais participativa (claro que jamais superior às coisas que são feitas, mas acrescentando mais uma atividade cultural para nossos cidadãos!), e agora com um foco mais direcionado mesmo para a Terceira Idade! E queria mesmo que fosse amadora, já que sou também eu um amador e apenas curioso e audacioso pelo desejo de dividir o que aprendi lendo, assistindo, pesquisando ou mesmo só porque acho que pode dar certo!
Fiquei muito feliz quando recebi um scrap do ator miracemense Ricardo Tostes onde ele me fala exatamente da beleza de "ser amador", que como o próprio nome já indica, feito por pessoas que amam a arte(e eu nem tinha pensado nisto! rsrs).
Queria que, assim como eu tive a audácia de escrever um texto, também encontrasse no Grupo pessoas que atuassem, dirigissem, iluminassem, cuidassem da sonoplastia, cenário, maquiagem, figurino... mas não foi tão simples assim! Começamos então convidando "atrizes" do próprio grupo para nossa primeira peça: BALANÇO FINAL, onde a história se passava a partir do encontro de três amigas para um chá, depois de 50 anos do afastamento de uma delas que fora viver no exterior e que retorna para sua cidadezinha de origem e, junto então com suas amigas, faz um "blanço" de suas vidas. Depois da apresentação do texto a algumas senhoras do grupo, Leny Tostes e Marly Lopes se dispuseram á tarefa de decorar (e era realmente um texto grande, falas difíiceis para se decorar!); mas faltava ainda a outra personagem e, já quase desistindo por falta de pessoas quisessem enfrentar a batalha, encontrei Conceição Pestana, uma amiga de muitos anos, artista já destacada em outras atividades e que ficou feliz até e honrada com o convite! E eu, feito bobo, achando que ia ensaiar com estas pessoas, virei o aluno de tantos ensinamentos que elas me trouxeram: responsabilidade, assiduidade, alegria de viver! Resolvi ainda acresentar outra personagem - desta vez sem texto, só mesmo compondo a trama - e chamei a grande Glória Vargas, que brilhantemente cumpriu seu papel.
E o lance de direção, iluminação, figurino, sonoplastia, ficou meio embolado porque não tínhamos mesmo pessoas disponíveis para isto e porque fomos nós mesmos nos sugerindo na forma como deveria se desenvolver o projeto! Ensaiamos muito, loucos de tesão mesmo para que tudo saísse como se profissionais fôssemos! E idéias foram surgindo e enriquecendo a peça! Contratamos um profissional de sonorização e iluminação e pedi a um amigo meu de Juiz de Fora, técnico em informática -o Elenilton- para que produzisse o CD da sonoplastia! Por ficar cara a contratação do profissional, só passamos som e luz uma única vez, na véspera da estréia; e só contratamos mesmo esse serviço porque tínhamos medo de fazer a peça sem microfones sem fio para as atrizes, temendo que as pessoas das últimas não ouvissem o que elas diziam! E também havia acontecido uma grande ingenuidade de minha parte achando que apenas os abajours que faziam parte do cenário seriam suficientes para a iluminação! No dia da peça, casa praticamente lotada! As pessoas responderam ao nosso chamado e foram nos prestigiar... até mesmo o tal friozinho que dá na barriga, aconteceu! A peça foi muito aplaudida mesmo em cena aberta, em alguns momentos! Foi realmente emocionante e gratificante para nós que tanto trabalhamos e acreditamos no projeto! Ainda na hora dos cumprimentos, algumas pessoas já pediram para serem chamadas para participar em uma já cobrada próxima produção! No dia seguinte, o sucesso se repetiu na nova apresentação! Ao todo, fomos assistidos por 400 pessoas. E como somos e vivemos numa cidade pequena, nos dias que se seguiram os comentários se repetiam, sempre com elogios e expectativa criada para a próxima peça! rsrs
Pois é, menos de um ano depois, viemos nós com outra peça, também escrita por mim: "Um conto, antes que nunca mais!", onde falamos de um imaginário asilo habitado pelas personagens das histórioas infantis: Branca de Neve, Cinderela, o Príncipe Encantado, Chapeuzinho Vermelho e a vovozinha, Emília e a Bailarina, que quebram a rotina de seus dias quando recebem a visita de uma menina dos dias atuais e aí se discutem os problemas de conflitos de gerações, respeito ao idoso, resgate das histórias infantis e relacionamento! Mais uma vez contamos com "atores" do grupo (Ana Torres,Leny Tostes, Marcelino Padilha -eu, até ator tive que ser, já que não se encontrava um príncipe disposto ao papel, rsrs- , Maria Amália Pinheiro e Marly Lopes) e ainda Graça Salim e Neide Guterres como atrizes convidadas e mais uma vez a Glória Vargas numa participação especial! Convidei um ator miracemense, Sávio Peixoto, para dirigir a peça! Apesar dos inúmeros compromissos que ele tinha, já que trabalha e estuda em outras cidades vizinhas daqui, nos deu algumas dicas ótimas que enriqueceram demais o trabalho! E foi muito legal o carinho dele com cada componente do grupo! Novamente foi ótimo o resultado e, até mesmo por ser uma comédia, houve mais interação com o público que deu boas gargalhadas! Desta vez nos apresentamos por 3 dias e já agora com um público de 600 pessoas! Posteriormente fomos ainda na Faculdade São José, em Itaperuna, e estamos ainda agendando alguns convites de outras cidades próximas de Miracema! A sabe que alguns destes convites, tornam-se viáveis,outros não!



Vou aproveitar este blog prá comentar sempre aqui coisas relacionadas a este projeto ... e deixando claro q estamos abertos prá convites de apresentações assim como também para trabalhos com novos autores e atores teatrais... qualquer sugestão será recebida com carinho! Nossa, falei prá caramba! Mas volto qualquer hora para falar mais... histórias é que não faltam!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Estrela

ESTRELA

Da noite,
Colho do céu
A estrela que tem me guiado os dias.
E aguardo tão ansioso o seu brilho
Que meus olhos cansados
Deslumbram-se com a sua chegada.
Na cama, experimento os sonhos
Que matam a saudade que me consome.
Meus lábios sorvem avidamente
A pele macia que se inquieta
Lá do outro lado da noite.
A Lua divide-se em quartos
Para saciar seus amantes.
As juras de amor
Confundem-se, às vezes,
Com o galo que canta
Convidando a estrela para voltar ao céu.
Timidamente um orgasmo inunda
Um corpo cansado pelo desatino.
E a estrela se vai:
Promete novamente o brilho
Para a noite seguinte.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

GAMBIARRAS



GAMBIARRAS

Aos poucos  exponho-me novamente...
Desconstruo os muros, tijolo a tijolo
(cada um, cada dor!)
E num espreguiçar solene
Atrevo-me a novos abraços, beijos tórridos
Por jovens bocas mentoladas
Num tempo que já nem sei.
Mastigo as carnes da minha ceia
E sorvo o néctar de alguns brincares.
Rasgo a Lua em pedaços
Repaginando a noite pro seu olhar morno.
Rezo as rezas das velhas tias
Sou crucifixo por procissões
Grito forte, gargalhada
Querendo rir do que fui.
Suei as dores do meu castelo
Soprei o pó do velho piano
Quebrei todo o espelho (e também os pratos)
Da minha sala de jantar
No quintal, mil gambiarras
Pra iluminar meus bailes
Acaricio as plantas (ah, cheiro de flores!),
Sereno frio, teias de aranha,
Rodas-gigantes do parque/tempo
Cana e melaço do meu sabor
Nem sei se há medo, sei que saí!

domingo, 7 de setembro de 2008

Piadinhas de mineirim

Em Minas é assim...vale a pena ler!

NUDEZ MINEIRA:
Dois cumpadres de Varginha tavam bem sossegadim fumando seus respectivoscigarrim de paia e proseano......Conversa vai, conversa vem, eis que a certa altura um deles pergunta prooutro:- Cumpadre, u quê quiocê acha desse negoço de nudez?- No que o outro respondeu:- Acho bão, sô!O outro ficou assim, pensativo, meditativo...e perguntou de novo:- Ocê acha bão purcaus diquê, cumpadre?E o outro:- Uai! É mió nudês do que nunosso, né mesmo?
____________________________________________________________

SUTILEZA MINEIRA:

O cumpadi, há muito tempo de olho na cumadi, aproveitô a ausência do cumpadi e resolveu fazer uma visitinha para ver se ela não carecia de arguma coisa...Chegando lá, os dois meio sem jeito, não estavam acostumados a ficar asós....falaram sobre o tempo....- Será qui chove?- Pois é.....Ficô um grande silêncio.....Aí, o cumpadi se enche de corage e resorve quebrá o gelo:- Cumadi....qui qui ocê acha: trepemo ou tomemo um café?- Ah, cumpadi...cê mi pegô sem pó.....________________________________________________________________
DIPROMA:

O velho fazendeiro lá de Varginha, no sur de Minas, está na sala, proseando com um amigo, quando um menino passa correndo por ali.Ele chama:- Diproma, vai falar para sua avó trazer um cafèzinho aqui pra visita!E o amigo estranha:- Mas que nome engraçado tem esse menino!! É seu parente?- É meu neto! Eu chamo ele assim porque mandei a minha filha estudarem Belzonte e ela voltou com ele!